O grupo têxtil Polopiqué, um dos principais operadores do Vale do Ave, iniciou um profundo processo de reestruturação que inclui o encerramento de duas unidades fabris, o despedimento de cerca de 400 trabalhadores e a renegociação de dívidas. A empresa recorreu a Processos Especiais de Revitalização (PER) e a pedidos de insolvência para algumas das suas sociedades, justificando a decisão com a necessidade de responder a quebras de faturação e concentrar a atividade nos negócios mais rentáveis. A reestruturação implica o fecho da Polopiqué Tecidos, em Moreira de Cónegos, e da Cottonsmile, em Vizela, com cerca de 280 trabalhadores a serem já notificados. O plano prevê reduzir a força de trabalho do grupo, que emprega cerca de 800 pessoas, para metade.
Numa comunicação aos trabalhadores, o fundador Luís Guimarães atribuiu as dificuldades a problemas decorrentes da pandemia, ao aumento dos custos da energia e das matérias-primas, e a alterações no mercado.
No caso da Cottonsmile, foram também mencionadas “insustentáveis” taxas de absentismo.
O grupo pretende agora focar-se nas áreas mais estratégicas e rentáveis, como design, logística, vendas, acabamentos e produção de fio.
Duas outras empresas do grupo, a Polopiqué Acabamentos e a Polopiqué Comércio, entraram em PER para renegociar dívidas com credores, nomeadamente a banca.
A empresa comprometeu-se a cumprir as suas obrigações salariais e indemnizatórias após a declaração de insolvência das unidades a encerrar.
Em resumoA reestruturação do grupo Polopiqué reflete a grave crise que afeta o setor têxtil no Vale do Ave, obrigando a empresa a tomar medidas drásticas como o encerramento de fábricas e despedimentos em massa para garantir a sua sobrevivência. Ao recorrer a PER e pedidos de insolvência, o grupo procura renegociar dívidas e focar-se nas suas áreas mais competitivas, num movimento que terá um forte impacto social e económico na região.