A decisão rompe com décadas de independência e aponta gigantes do luxo como LVMH e L'Oréal como potenciais sucessores.

O documento, escrito à mão pelo próprio Armani, estabelece um roteiro preciso para o futuro da marca que se manteve independente durante mais de cinco décadas. Os seus herdeiros, que incluem a Fundação Armani, membros da família e o seu braço-direito Leo Dell’Orco, foram instruídos a vender uma participação inicial de 15% da Giorgio Armani SpA no prazo de 18 meses.

O estilista nomeou compradores preferenciais: os conglomerados franceses LVMH e L'Oréal, e o grupo ítalo-francês EssilorLuxottica, ou uma empresa com características semelhantes. A escolha destes nomes não é surpreendente, dado que a Armani já mantinha parcerias com a EssilorLuxottica e a L'Oréal, e o próprio Armani era próximo de Bernard Arnault, líder da LVMH, com quem chegou a discutir uma aliança.

O testamento estipula ainda que, após um período de três anos, o novo acionista minoritário poderá aumentar a sua participação até atingir uma posição maioritária.

Analistas do Berenberg avaliaram a empresa entre 5 e 7 mil milhões de euros, considerando a LVMH a opção "mais estratégica", dado o seu historial como "investidor minoritário de longo prazo, paciente e solidário".

Como alternativa, caso os negócios não avancem, Armani deixou aberta a possibilidade de uma entrada em bolsa (IPO) em Milão ou noutro mercado relevante.

Esta diretiva póstuma representa uma viragem histórica para a casa de moda, alinhando-a com a tendência de consolidação do setor do luxo em grandes grupos, num momento desafiador marcado por tarifas e incertezas geopolíticas.