Esta transação encerra um capítulo complexo para a instituição herdeira do BES, mas levanta questões sobre a moralidade dos bónus face ao apoio público recebido.
A operação resultou num lucro estimado de 4,8 mil milhões de euros para o fundo norte-americano Lone Star, que detinha 75% do capital desde 2017. Deste valor, cerca de 1,1 mil milhões serão distribuídos como prémios de gestão a dirigentes do fundo e a gestores, incluindo antigos administradores portugueses do Novo Banco.
Entre os beneficiários destaca-se António Ramalho, que presidiu ao banco entre 2016 e 2022 e que, segundo as notícias, deverá receber entre 7 a 10 milhões de euros.
Outros gestores mencionados incluem John Greyken, fundador da Lone Star, Byron Haynes, Mark Bourke, José Eduardo Bettencourt e Vítor Fernandes.
A atribuição destes prémios gerou forte controvérsia, principalmente porque os gestores exerceram funções enquanto o banco recebeu apoio público através do Fundo de Resolução, num total de 3,4 mil milhões de euros. A polémica é agravada por operações de alienação de património realizadas durante a gestão de Ramalho, como a venda dos hotéis Tivoli e de um vasto património imobiliário, que geraram suspeitas. A Associação de Defesa dos Clientes Bancários (ABESD) repudiou o fim do acordo de capitalização sem ressarcir os lesados, defendendo que o banco "só é ‘Bom’ porque foi capitalizado com as provisões que estavam destinadas a cobrir a venda fraudulenta de produtos". O processo de venda ainda não está totalmente concluído, pois o Fundo de Resolução e o Estado, que detêm 25% do capital, ainda negoceiam os termos da sua adesão ao contrato, uma vez que certas cláusulas acordadas entre a Lone Star e o BPCE, regidas pela lei inglesa, não são diretamente aplicáveis a entidades públicas portuguesas.












