O grupo de media português Impresa, detentor da SIC e do Expresso, confirmou estar em negociações exclusivas com o conglomerado italiano MFE-MediaForEurope, da família Berlusconi, para a venda de uma participação relevante, agitando o mercado de capitais e o panorama mediático nacional. A notícia das negociações surge num momento de elevada fragilidade financeira para a Impresa, que enfrenta uma dívida líquida superior a 148 milhões de euros, prejuízos históricos de 66,2 milhões em 2024 e uma contínua erosão do capital próprio. A situação levou a uma necessidade urgente de recapitalização, estimada em cerca de 80 milhões de euros, para reequilibrar as contas. Após tentativas falhadas de encontrar investidores nacionais, incluindo negociações com a família Soares dos Santos, a solução parece vir de Itália. A MFE, um gigante europeu com operações em Espanha e Alemanha, vê a aquisição como um passo na sua estratégia de expansão pan-europeia para competir com as plataformas de streaming globais.
A reação do mercado foi imediata e explosiva: após a confirmação das negociações, as ações da Impresa, que estiveram suspensas pela CMVM, dispararam, chegando a duplicar de valor num só dia e atingindo máximos de vários anos. A especulação adensou-se com a possibilidade de o negócio envolver a aquisição de uma participação de controlo de 75% na Impreger, a holding da família Balsemão que detém 50,31% da Impresa. Tal cenário implicaria a obrigatoriedade de uma Oferta Pública de Aquisição (OPA) sobre a totalidade das ações da Impresa, marcando o fim do controlo histórico de Francisco Pinto Balsemão.
Embora o fundador tenha afirmado preferir vender a ficar como minoritário, a entrada da MFE é vista pelo mercado e por outros players, como Mário Ferreira da Media Capital, como uma solução positiva que trará solidez financeira e competitividade ao setor.
Em resumoA potencial aquisição de uma participação de controlo na Impresa pela MFE representa um ponto de viragem crítico para o endividado grupo de media português. A operação promete uma necessária injeção de capital para garantir a sua sobrevivência, mas assinala o provável fim do controlo da família Balsemão, redefinindo o panorama dos media em Portugal.