O grupo de media português Impresa, detentor da SIC e do Expresso, confirmou estar em negociações exclusivas com o grupo italiano MediaForEurope (MFE), da família Berlusconi, para a aquisição de uma participação de controlo. Esta potencial transação surge num momento de crise financeira para a Impresa e poderá redefinir o panorama mediático em Portugal. A operação surge como uma solução para a grave situação financeira da Impresa, que acumulou um prejuízo de 36 milhões de euros na última década e necessita de uma recapitalização estimada em cerca de 80 milhões de euros para reequilibrar as suas contas. O grupo liderado por Francisco Pinto Balsemão viu as suas receitas caírem e a dívida aumentar, o que levou a auditora Deloitte a alertar que a continuidade das operações depende de ações como a venda da sede ou a entrada de um novo investidor.
As negociações com outros potenciais parceiros nacionais, como a família Soares dos Santos, não tiveram sucesso, abrindo caminho para o MFE, um dos maiores operadores televisivos da Europa.
O modelo de negócio em discussão poderá passar pela aquisição de 75% da Impreger, a holding da família Balsemão que controla mais de 50% da Impresa, o que obrigaria ao lançamento de uma Oferta Pública de Aquisição (OPA) sobre a empresa cotada. A confirmação das negociações provocou uma reação imediata no mercado, com as ações da Impresa a dispararem mais de 130% em dois dias, refletindo a expectativa dos investidores num prémio de aquisição. A entrada do MFE é vista por analistas e agências de meios como "excelente para a indústria", pois traria solidez financeira e capacidade de investimento para competir com as plataformas de streaming.
Contudo, o negócio significaria o fim do controlo da família Balsemão sobre o grupo que fundou.
Em resumoAs negociações entre a Impresa e o MFE representam um momento crítico para o grupo de media português, que enfrenta sérias dificuldades financeiras. A potencial aquisição pelo gigante italiano poderá assegurar a sua sobrevivência e capacidade de investimento, mas implicaria a perda do controlo acionista por parte da família Balsemão, alterando significativamente o panorama dos media em Portugal.