O processo de privatização de uma participação minoritária na TAP Air Portugal avança, marcando um momento decisivo para o futuro da companhia aérea de bandeira. A operação, que prevê a alienação de até 49,9% do capital, atrai o interesse dos maiores grupos de aviação europeus e redefine o debate sobre a estratégia da transportadora num mercado cada vez mais consolidado. O Governo português formalizou a intenção de vender uma participação de 49,9% da TAP, dos quais 5% serão reservados aos trabalhadores. Esta decisão surge num contexto em que a liderança da companhia reconhece as limitações de operar de forma isolada. Luís Rodrigues, CEO da TAP, afirmou de forma categórica que “os tempos do orgulhosamente sós já foram”, admitindo que, se a companhia continuar sozinha, “vai ser muito duro”. O gestor mostrou-se confiante de que, dentro de um ano, a TAP estará integrada “num grupo gigante de aviação”.
Esta visão é partilhada pelos principais conglomerados aéreos europeus, como a IAG (detentora da British Airways e Iberia), a Air France-KLM e a Lufthansa, que manifestaram interesse no negócio.
Luis Gallego, CEO da IAG, destacou a atratividade da TAP pela sua forte presença no mercado brasileiro, onde detém uma quota de 25% do tráfego com a Europa, e sublinhou que a sua proposta implicaria uma menor sobreposição de ‘hubs’ em comparação com os concorrentes. Para garantir a transparência e isenção do processo, foi criada uma comissão de acompanhamento presidida por Daniel Traça, cuja nomeação foi oficializada em Diário da República. Estrategicamente, o Governo optou por não inscrever qualquer estimativa de receita da privatização no Orçamento do Estado para 2026, de modo a não fragilizar a sua posição negocial.
Em resumoA privatização de 49,9% da TAP está em curso, com o interesse confirmado dos maiores grupos aéreos europeus. O CEO da companhia considera a integração num grupo maior como essencial para a sobrevivência, enquanto o Governo avança com cautela, criando uma comissão de acompanhamento e omitindo previsões de receita do Orçamento de Estado para proteger as negociações.