O futuro do grupo Impresa, detentor da SIC e do Expresso, encontra-se numa encruzilhada, com a família Balsemão a admitir pela primeira vez a possibilidade de venda a investidores estrangeiros. No entanto, as negociações com o grupo italiano MediaForEurope (MFE), fundado por Silvio Berlusconi, parecem atravessar um momento de grande incerteza, com fontes do mercado a indicarem que o negócio poderá estar "por um fio". A potencial transação assinala um momento histórico para o panorama mediático português, dado o peso e a influência do grupo Impresa.
Contudo, o interesse do grupo Berlusconi poderá estar a diminuir devido a dois obstáculos principais.
Em primeiro lugar, os resultados preliminares da 'due diligence' em curso poderão ter revelado uma situação financeira da Impresa ainda mais grave do que a inicialmente comunicada. Em segundo lugar, existe um aparente impasse relativamente ao 'haircut' (perdão de dívida) que o CaixaBank, o maior credor do grupo, estaria disposto a conceder.
A percentagem proposta seria considerada insuficiente pelos investidores italianos para viabilizar o negócio.
Este contexto de negociações frágeis insere-se num movimento mais amplo de entrada de capital estrangeiro nos media portugueses, como a aquisição das rádios da Media Capital pela Bauer em 2022 e a compra de A Bola pelo grupo suíço Ringier em 2024.
A confirmação ou o fracasso do negócio terá de ser comunicada à CMVM, sendo uma informação relevante sobre uma empresa cotada.
Em resumoA venda do grupo Impresa à MFE está em risco, dependendo da resolução de complexas questões financeiras e de dívida. Um eventual colapso das negociações deixaria a família Balsemão perante a difícil tarefa de encontrar uma solução para a delicada situação financeira do grupo, enquanto a concretização do negócio representaria uma mudança de paradigma no setor dos media em Portugal.