O processo de privatização da Azores Airlines está a ser marcado por uma crescente tensão entre o consórcio Newtour/MS Aviation, único candidato, e a administração da SATA Holding. A falta de diálogo com os trabalhadores e os sucessivos adiamentos de prazos criam um clima de incerteza sobre o futuro da companhia aérea açoriana. O agrupamento Newtour/MS Aviation acusa a administração da SATA de manter uma “postura bloqueadora”, afirmando que o seu pedido formal para dialogar com os trabalhadores, sindicatos e representantes sobre o projeto estratégico para a companhia não foi autorizado. Para o consórcio, esta atitude “só pode ser entendida como uma manobra” que visa “impedir a privatização”, sublinhando que “o diálogo franco e honesto é condição essencial do Agrupamento para a apresentação de uma proposta”.
Esta posição é partilhada pelo Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC), que denuncia a SATA Holding por impedir o acesso a “informação fundamental” e por transformar a privatização “num processo opaco e hostil à participação dos trabalhadores”.
Em contrapartida, o SPAC elogiou o “genuíno espírito de diálogo” do consórcio após uma reunião com os seus representantes. A complexidade do processo levou a um novo adiamento do prazo para a entrega de uma “proposta firme” pelo consórcio, agora fixado para 10 de novembro. A situação preocupa o Governo Regional dos Açores, que admitiu que “ninguém está preparado” para um cenário de encerramento da companhia. A Câmara do Comércio de Angra do Heroísmo reforça este alerta, estimando que um eventual colapso da Azores Airlines representaria um “risco sistémico” com um impacto económico de 1,27 mil milhões de euros e a perda direta de 815 empregos.
Em resumoA privatização da Azores Airlines encontra-se num impasse crítico, com acusações de bloqueio de diálogo por parte da SATA Holding. Enquanto o único consórcio interessado e os sindicatos procuram transparência, os sucessivos adiamentos e os alertas para graves consequências económicas e sociais aumentam a incerteza sobre a viabilidade da companhia aérea.