O processo de privatização da TAP avançou decisivamente com a formalização de interesse dos três maiores grupos de aviação europeus — IAG, Lufthansa e Air France-KLM. Contudo, a operação decorre sob a sombra de uma investigação judicial à privatização de 2015, que resultou em buscas e na constituição de arguidos. Após o encerramento do prazo para a entrega de manifestações de interesse, a Parpública confirmou ter recebido propostas do International Airlines Group (IAG), dono da British Airways e Iberia, do Grupo Lufthansa e da Air France-KLM. A empresa estatal dispõe agora de 20 dias para elaborar um relatório sobre os candidatos, avaliando o cumprimento de requisitos como receitas superiores a 5.000 milhões de euros e experiência comprovada no setor.
O Governo, que pretende alienar até 44,9% da companhia, mantendo 5% para os trabalhadores, encara o interesse como “previsível” devido aos “resultados bons e robustos” da TAP, nas palavras do ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz, que garantiu uma privatização transparente e não “ao desbarato”.
Os proponentes manifestaram diferentes graus de entusiasmo e cautela.
A Air France-KLM demonstrou um “forte e continuado interesse”, enquanto a Lufthansa, pela voz do seu CEO Carsten Spohr, afirmou que o objetivo é “preservar a identidade portuguesa da TAP”. Já o IAG, apesar de considerar que “a TAP terá um potencial significativo dentro do IAG”, ressalvou que “é necessário esclarecer vários temas antes de o IAG poder propor um investimento”.
Em paralelo, a “Operação voo TP789” investiga a privatização de 2015 por suspeitas de administração danosa, corrupção e fraude.
Foram realizadas buscas na TAP, no Grupo Barraqueiro e na Parpública, tendo sido constituídos como arguidos o empresário Humberto Pedrosa e o seu filho, David Pedrosa.
O empresário declarou estar “completamente tranquilo”, afirmando que “quem não deve, nada teme”.
Em resumoA privatização da TAP entrou numa fase decisiva com o interesse confirmado dos grupos IAG, Lufthansa e Air France-KLM, que agora serão avaliados pela Parpública. O processo é visto pelo Governo como uma oportunidade para fortalecer a companhia, mas decorre em paralelo com uma investigação judicial à privatização de 2015, que apura suspeitas de crimes financeiros e já levou à constituição de arguidos, incluindo o empresário Humberto Pedrosa.