A venda do Novobanco ao grupo francês Banque Populaire Caisse d’Epargne (BPCE) representa um marco no panorama financeiro português, concluindo um longo processo iniciado com a resolução do Banco Espírito Santo (BES) em 2014. Esta transação, avaliada em 6,4 mil milhões de euros, foi um dos acontecimentos económicos do ano, marcando a entrada do segundo maior grupo bancário francês na banca de retalho em Portugal. O acordo prevê que o fundo norte-americano Lone Star, detentor de 75% do capital, receba 4,8 mil milhões de euros, enquanto o Estado português, através do Fundo de Resolução e da Direção-Geral do Tesouro e Finanças, encaixe 1,6 mil milhões de euros pelos restantes 25%.
A operação, que aguarda as aprovações regulatórias finais, deverá estar concluída nos primeiros meses de 2026.
O CEO do BPCE, Nicolas Namias, sublinhou a importância estratégica do negócio, afirmando que representa um compromisso de “longo prazo” com a economia portuguesa e que “esta transação seja o exemplo na Europa, para todos os países, do que temos de fazer para assegurar a soberania financeira”. A aquisição foi vista de forma positiva por figuras proeminentes do setor, como António Horta Osório, que a considerou benéfica para o banco e para o país, destacando a cultura de proximidade do BPCE. Contudo, o processo não esteve isento de controvérsia, com a assinatura dos acordos a coincidir com buscas da Polícia Judiciária à sede do Novobanco, relacionadas com a venda de ativos herdados do BES. Adicionalmente, os mais de 4.000 trabalhadores do banco reivindicaram um bónus pelo seu esforço na recuperação da instituição, que culminou num acordo para o pagamento de até dois salários após a conclusão da venda.
Em resumoA aquisição do Novobanco pelo BPCE por 6,4 mil milhões de euros encerra o ciclo pós-BES, reforça a presença francesa na banca portuguesa e representa uma recuperação significativa de fundos públicos. Embora marcada por controvérsias judiciais e reivindicações laborais, a operação é vista como estratégica para a estabilidade e diversificação do setor financeiro nacional.