As associações de taxistas demarcaram-se da violência e suspenderam a greve, enquanto as autoridades iniciaram processos judiciais sumários contra centenas de detidos. O protesto, inicialmente convocado por cooperativas e associações de taxistas, rapidamente perdeu o controlo dos seus organizadores, transformando-se em atos de vandalismo, pilhagens e confrontos generalizados em províncias como Luanda, Benguela e Huíla.
O balanço provisório da Polícia Nacional de Angola é trágico: 30 mortos, 277 feridos, incluindo 10 membros das forças de segurança, e 1.515 detenções.
Os danos materiais foram extensos, afetando 118 estabelecimentos comerciais, 24 autocarros públicos e dezenas de viaturas.
Perante a escalada de violência, a Associação Nacional dos Taxistas de Angola (ANATA) demarcou-se dos atos, atribuindo-os a “oportunistas”, e anunciou a suspensão da greve.
A resposta do Estado foi imediata e severa, classificando os acontecimentos como “ações criminosas” e um “ataque ao Estado democrático e de direito”.
As autoridades judiciais iniciaram julgamentos sumários para pelo menos 240 dos detidos, com várias condenações a penas de prisão efetiva já proferidas. O episódio expõe as profundas tensões sociais e económicas em Angola, onde o aumento do custo de vida, simbolizado pela subida dos combustíveis, serviu de rastilho para uma explosão de descontentamento popular que ultrapassou largamente as intenções da greve original, revelando a fragilidade da estabilidade social no país.