A paralisação, que ocorreu entre 28 e 30 de julho, expôs a profunda tensão social e a resposta repressiva das autoridades.
A greve foi convocada pela Associação Nacional dos Taxistas de Angola e outras cooperativas em protesto contra a subida dos preços dos combustíveis.
O que começou como uma paralisação dos serviços de táxis rapidamente escalou para protestos e tumultos generalizados que se estenderam por várias províncias, incluindo Luanda, Benguela, Huíla e Malanje. Os protestos foram marcados por atos de vandalismo contra propriedade pública e privada, com o balanço oficial a apontar para a destruição de 118 estabelecimentos comerciais, 24 autocarros públicos e dezenas de viaturas. A resposta das forças de segurança foi severa, resultando num trágico balanço de vítimas. Relatórios provisórios da Polícia Nacional de Angola indicam entre 22 a 30 mortos e 277 feridos, incluindo membros das forças de segurança.
Foram efetuadas mais de 1.500 detenções.
Entre as vítimas mortais está Silvi Mubiala, uma mãe de 33 anos baleada enquanto tentava socorrer o seu filho durante os distúrbios.
A polícia justificou o uso da força afirmando que "a integridade física dos agentes deve ser salvaguardada".
Na sequência dos tumultos, pelo menos 240 arguidos começaram a ser julgados em processos sumários, com alguns a serem condenados a penas de prisão e outros a aguardar decisão em prisão preventiva.
A situação gerou reações internacionais, com o Gabinete dos Direitos Humanos da ONU a reclamar "investigações rápidas, exaustivas e independentes sobre as mortes" e as violações de direitos humanos associadas.