A paralisação e os protestos subsequentes expuseram profundas tensões sociais e económicas no país, culminando numa repressão severa por parte das autoridades.
A greve nacional dos taxistas, convocada pela Associação Nacional dos Taxistas de Angola entre 28 e 30 de julho, teve como catalisador a subida do preço do gasóleo. O que começou como uma paralisação do setor rapidamente se transformou em manifestações de descontentamento social mais vastas, que degeneraram em atos de vandalismo, pilhagens e confrontos violentos, principalmente em Luanda, mas também noutras províncias como Benguela, Huíla e Malanje.
O balanço oficial da Polícia Nacional de Angola, embora provisório, apontou para 30 mortos e 277 feridos, incluindo dez membros das forças de segurança.
A repressão policial foi intensa, resultando na detenção de 1.515 pessoas. A situação gerou um clima de medo e instabilidade, com a população a acusar a polícia de uso excessivo da força, como no caso de uma mãe de seis filhos mortalmente baleada em Viana enquanto procurava o seu filho. O rescaldo dos tumultos incluiu a destruição de 118 estabelecimentos comerciais, 24 autocarros públicos e dezenas de viaturas.
A resposta judicial foi imediata, com centenas de detidos a serem levados a julgamento sumário por crimes como participação em motim e vandalismo.
O político moçambicano Venâncio Mondlane comparou os protestos aos de Moçambique, afirmando que o povo está cansado, o que sublinha a dimensão do descontentamento popular que extravasou a reivindicação setorial dos taxistas.