A paralisação, que abrangeu médicos, enfermeiros, assistentes operacionais e técnicos, teve um impacto significativo nos serviços de urgência, consultas externas e blocos operatórios da região.
A greve, convocada pelo Sindicato dos Médicos da Zona Sul (SMZS-FNAM), Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) e Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas do Sul e das Regiões Autónomas, reflete um profundo descontentamento que assola o setor da saúde no Algarve.
A principal reivindicação é a contratação de mais profissionais para combater a exaustão a que estão sujeitos, situação agravada pela triplicação da população na região durante o verão.
Segundo os sindicatos, a adesão foi elevada, rondando os 80% entre os enfermeiros e atingindo os 100% no bloco operatório de Faro, resultando no cancelamento de todas as cirurgias programadas, exceto as oncológicas. Os representantes sindicais sublinham que a falta de pessoal é transversal a todas as carreiras. Alda Pereira, do SEP, estima um défice de 1.500 enfermeiros e descreve o estado da saúde no Algarve como um "caos", apontando que a exaustão levou "cerca de uma centena de enfermeiros" a pedir escusa de responsabilidade.
André Gomes, do SMZS-FNAM, critica a inação do Governo, afirmando que a solução passa por "valorizar carreiras, salários e abrindo vagas carenciadas", considerando as propostas governamentais como "maquilhagem para os problemas dos utentes". Rosa Franco, do sindicato das funções públicas, corrobora, afirmando que muitos auxiliares fazem turnos de 16 horas e que os concursos ficam desertos devido à sobrecarga de trabalho. Em contraponto, o presidente da Unidade Local de Saúde (ULS) do Algarve, Tiago Botelho, manifestou não compreender os motivos da greve, sugerindo que as suas origens são políticas.