A paralisação expõe a exaustão crónica dos trabalhadores e a falta de recursos para responder ao aumento da população durante a época turística. A greve de 24 horas dos profissionais de saúde no Algarve, que uniu médicos, enfermeiros e outros trabalhadores do SNS, constitui um forte sinal de alarme sobre a situação crítica do sistema de saúde na região mais turística do país. Realizada em pleno mês de agosto, quando a população local "triplica ou quadruplica", a paralisação visou denunciar a exaustão crónica das equipas e a carência de recursos humanos, problemas agravados pelo elevado custo de vida, nomeadamente da habitação, que dificulta a fixação de profissionais. As reivindicações, segundo os sindicatos, vão desde a contratação de mais pessoal à resolução de dívidas antigas, como retroativos e pagamentos incorretos. O impacto da greve foi significativo, com o encerramento de centros de saúde e o cancelamento de todas as cirurgias programadas no Hospital de Faro, à exceção das oncológicas.
A disparidade nos números da adesão — com os sindicatos a apontarem para 60% a 80% e a administração da ULS do Algarve a registar apenas 24% — revela a profundidade do conflito. O presidente da ULS, Tiago Botelho, considerou a greve politicamente motivada e com um caderno reivindicativo que "não faz sentido", enquanto André Gomes, do Sindicato dos Médicos da Zona Sul, a classificou como "histórica" e um "alerta definitivo para o Governo".
Esta greve expõe as fragilidades estruturais do SNS no Algarve, questionando a capacidade de resposta do Estado numa região vital para a economia nacional.














