A Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) concluiu, em dois inquéritos, que não foi possível estabelecer uma relação de causalidade entre os atrasos no socorro do INEM e a morte de dois utentes durante a greve de 4 de novembro de 2024. As conclusões surgem no âmbito da investigação a 12 mortes ocorridas nesse dia, marcado por uma forte perturbação nos serviços de emergência. A análise da Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) às mortes ocorridas durante a greve dos técnicos do INEM, a 4 de novembro de 2024, revela as consequências potencialmente fatais da disrupção dos serviços de emergência, mas também a complexidade em estabelecer nexos de causalidade diretos. Aquele dia foi marcado por uma greve às horas extraordinárias dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar (TEPH), agravada por uma paralisação da Função Pública, resultando num colapso do atendimento, com mais de metade das 7.326 chamadas para o INEM a serem abandonadas.
A IGAS investigou 12 óbitos, e os relatórios sobre os casos de Montemor-o-Velho e Pombal concluíram pela inexistência de uma ligação direta entre os atrasos e as mortes.
No primeiro caso, a chamada para o 112 foi feita 21 minutos após a vítima ser encontrada inconsciente, um atraso que, segundo a peritagem médica, tornaria a recuperação "praticamente impossível".
Contudo, a investigação global da IGAS já associou duas outras mortes, de um total de nove casos concluídos, aos atrasos no socorro, o que sublinha a gravidade da situação. Estes relatórios ilustram o dilema entre o direito à greve e a garantia de serviços mínimos eficazes num setor onde cada minuto conta, evidenciando a vulnerabilidade do sistema de emergência médica e a necessidade de encontrar um equilíbrio que não coloque em risco a vida dos cidadãos.
Em resumoA IGAS investigou mortes ocorridas durante a greve do INEM de 4 de novembro de 2024, um dia de severas perturbações no socorro. Nos casos reportados de Montemor-o-Velho e Pombal, a inspeção não encontrou nexo de causalidade entre os atrasos e os óbitos. No entanto, a investigação global a 12 mortes já associou duas delas aos atrasos, sublinhando o grave risco para a saúde pública decorrente da paralisação dos serviços de emergência.