As mortes ocorreram durante a greve de horas extraordinárias dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar (TEPH), a 4 de novembro de 2024, um dia marcado por graves perturbações no atendimento de emergência. Os relatórios da IGAS, que investiga um total de 12 mortes ocorridas nesse dia, baseiam-se em peritagens médicas que indicam que, dadas as condições clínicas e a idade avançada das vítimas (entre 90 e 95 anos), “o desfecho seria provavelmente semelhante, mesmo em condições otimizadas”. No caso de Ansião, a IGAS refere que “numa paragem cardíaca em doentes com idade superior a noventa anos, a taxa de sobrevida é reduzida”. Em Montemor-o-Velho, a investigação apurou que o pedido de ajuda só foi feito 21 minutos após a vítima ser encontrada inconsciente, um atraso fatal em casos de paragem cardiorrespiratória.

Embora estas conclusões específicas afastem a responsabilidade direta dos atrasos do INEM, o contexto geral daquele dia permanece crítico.

Um relatório anterior da IGAS revelou que mais de metade das 7.326 chamadas para o INEM foram abandonadas.

Dos dez inquéritos a óbitos já concluídos, a IGAS estabeleceu nexo de causalidade em dois deles, confirmando que, em algumas situações, a greve teve consequências fatais. Os casos analisados sublinham a vulnerabilidade do sistema de emergência médica e as trágicas implicações de paralisações em serviços essenciais.