A Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) está a investigar uma série de mortes ocorridas durante a greve dos técnicos de emergência do INEM, a 4 de novembro de 2024. Embora a IGAS tenha descartado a relação de causalidade na maioria dos casos analisados, a investigação revela o grave impacto da paralisação na capacidade de resposta do serviço de emergência médica. O dia 4 de novembro de 2024 foi particularmente crítico para o sistema de emergência médica nacional, devido à confluência de uma greve às horas extraordinárias dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar (TEPH) com uma paralisação geral da Função Pública. Esta sobreposição de protestos resultou num colapso da capacidade de resposta dos Centros de Orientação de Doentes Urgentes (CODU). Segundo um relatório da IGAS, mais de metade das 7.326 chamadas efetuadas para o INEM nesse dia foram abandonadas, com apenas 2.510 a serem atendidas, o que provocou atrasos de pelo menos 30 minutos no envio de ambulâncias. Perante este cenário, a IGAS abriu processos de inquérito a 12 mortes ocorridas durante o período da greve.
As conclusões relativas a casos específicos em Ansião e Montemor-o-Velho descartaram um nexo de causalidade direto, com a peritagem médica a indicar que, devido à idade avançada e à gravidade das condições das vítimas (paragem cardíaca), “o desfecho seria provavelmente semelhante, mesmo em condições otimizadas”.
No entanto, a investigação global da IGAS já concluiu que, em dois dos doze casos analisados, os óbitos estiveram associados ao atraso no socorro, confirmando as consequências fatais da paralisação.
Em resumoAs investigações da IGAS sobre as mortes durante a greve do INEM em novembro de 2024 expõem as vulnerabilidades do sistema de emergência médica. Embora a causalidade direta tenha sido afastada em alguns casos, a confirmação de que atrasos no socorro contribuíram para duas mortes sublinha o impacto severo da ação de protesto na segurança dos cidadãos.