A paralisação expõe as tensões entre a gestão da instituição e os seus trabalhadores, com reivindicações centradas na manutenção de direitos adquiridos. A paralisação dos enfermeiros no Montepio Rainha D. Leonor, uma instituição mutualista fundada em 1860, foi desencadeada pela alteração unilateral do contrato coletivo de trabalho em 2023, que transitou da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS) para a Associação Portuguesa de Mutualidades (APM). Esta mudança resultou na imposição de um horário de 40 horas semanais e na eliminação dos subsídios de turno, que anteriormente compensavam o trabalho por turnos em 15% (dois turnos) e 25% (três turnos).

O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), que convocou a greve, alega que estas alterações criaram "prejuízos para os enfermeiros" e desregularam os horários, levando à saída de profissionais da instituição.

As reivindicações sindicais, apresentadas em junho, incluem a manutenção das 35 horas semanais, a regularização de folgas e descansos, e o pagamento de horas penosas, noturnas e de fim de semana. Além disso, exigem aumentos salariais que aproximem as remunerações das praticadas no setor público, salientando que uma enfermeira com 17 anos de serviço aufere um salário base de 1.531 euros, valor inferior ao de ingresso no SNS. A adesão à greve é um ponto de discórdia: o SEP reporta uma adesão de 100%, enquanto a administração, através do enfermeiro Manuel António Ferreira, afirma que no turno da manhã a adesão foi de 66,7% (dois em três enfermeiros). O presidente do conselho de administração, Paulo Ribeiro, contrapõe as acusações, afirmando ter proposto aumentos salariais de 5% a 10% e que, apesar da eliminação dos subsídios, o trabalho suplementar passou a ser pago a 100%.