A situação é agravada pelo envelhecimento do corpo da guarda e pela falta de atratividade da profissão.
A falta de pessoal é o cerne de um problema sistémico que, segundo os sindicatos, transformou as prisões num “caos” e numa “selva autêntica”. Dados da Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP) indicam que, dos 5.407 guardas previstos, apenas 3.966 estão no ativo, com uma taxa de ausência diária por motivos de saúde entre 14% e 17%. Esta carência resulta numa sobrecarga extrema para os profissionais em serviço, que acumulam jornadas de trabalho superiores a 180 horas mensais, com supressão de folgas e horários imprevisíveis. A situação é ilustrada pelo Estabelecimento Prisional de Lisboa, onde um turno de sábado chegou a ter apenas 27 guardas para vigiar 980 reclusos. Em resposta, o Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional (SNCGP) lidera, desde dezembro de 2024, um protesto no Estabelecimento Prisional do Linhó, exigindo que os reclusos inativos permaneçam 22 horas nas celas.
As “greves continuam a marcar o setor”, refletindo o descontentamento generalizado.
A profissão perdeu atratividade devido aos baixos salários, à estagnação na carreira e a processos de recrutamento demorados, como evidencia um concurso de 2024 para 225 vagas que conta apenas com 68 candidatos na fase final.
Jorge Alves, da Associação Sindical dos Profissionais do Corpo da Guarda, lamenta a falta de valorização do trabalho, afirmando que “nunca vi acontecer”. A crise é acentuada pelo envelhecimento do corpo da guarda, com centenas de profissionais a aproximarem-se da idade da reforma, o que ameaça agravar ainda mais o défice e colocar o sistema em risco de colapso.













