As associações académicas prometem sair à rua para lutar contra o que classificam como uma "barreira adicional" à educação.

A decisão do Governo de aumentar o valor máximo das propinas das licenciaturas de 697 para 710 euros, com futuras atualizações indexadas à inflação, desencadeou uma onda de críticas por parte de mais de uma dezena de associações académicas e estudantis. O Movimento Estudantil, que reúne estruturas de Coimbra, Lisboa, Porto e outras universidades, argumenta que "qualquer aumento do valor das propinas, mesmo que aparentemente reduzido, representa um mau sinal para o país e uma barreira adicional". Os estudantes alertam que esta alteração "abre a porta para que, no futuro, as instituições possam aumentar progressivamente os valores cobrados", contrariando o objetivo constitucional de gratuitidade progressiva do ensino. A contestação estende-se ao descongelamento das propinas de mestrado sem a imposição de um teto máximo, o que, segundo os estudantes, "arrisca elitizar o acesso a graus académicos superiores, criando uma barreira clara entre classes sociais".

As associações académicas consideram a medida uma "proposta terrorista" e prometem mobilização.

O Bloco de Esquerda já anunciou que apresentará uma proposta no Orçamento do Estado para travar o aumento.

O Governo, por sua vez, justifica a medida com a necessidade de financiar as instituições e argumenta que a redução das propinas favorece os alunos com maiores rendimentos, anunciando em paralelo um reforço de 43% para a ação social escolar. No entanto, para os estudantes, este reforço "não é suficiente para compensar os efeitos negativos" do aumento.