Cerca de 280 trabalhadores das empresas Cottonsmile e Polopiqué Tecidos encontram-se numa situação de grande incerteza, protestando em vigília após terem sido impedidos de entrar nas instalações. A situação decorre da apresentação das empresas à insolvência, deixando os funcionários com salários em atraso e sem acesso ao subsídio de desemprego. Desde o regresso de férias, os trabalhadores das duas empresas do Grupo Polopiqué, localizadas em Vizela e Moreira de Cónegos (Guimarães), foram barrados à entrada e informados por email do encerramento e do pedido de insolvência. Em protesto, montaram piquetes e uma vigília à porta da sede do grupo, em Vilarinho, Santo Tirso.
Os funcionários reivindicam o pagamento do subsídio de férias e de 30% do salário de agosto (no caso da Polopiqué Tecidos) ou do salário completo de agosto (no caso da Cottonsmile). Além da falta de rendimentos, queixam-se de não receberem os documentos necessários para se inscreverem no Fundo de Desemprego, ficando numa situação de total desproteção social. A situação é tão grave que os trabalhadores iniciaram uma recolha de bens alimentares para ajudar colegas que já passam “fome”, especialmente mães solteiras e casais jovens.
A administração do grupo, fundado por Luís Guimarães, informou que a resolução da situação depende agora do administrador de insolvência, mas o processo judicial poderá demorar. A situação é agravada pelo facto de o Grupo Polopiqué ter sido beneficiário de 3,2 milhões de euros em financiamentos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), dos quais já recebeu 1,5 milhões.
Em resumoO protesto dos trabalhadores da Polopiqué expõe a vulnerabilidade dos funcionários perante processos de insolvência, ficando sem salários e sem acesso a apoios sociais. A situação, que levou a uma campanha de solidariedade interna para combater a fome, levanta questões sobre a responsabilidade social de empresas que, além de beneficiarem de fundos públicos como o PRR, deixam centenas de famílias desamparadas.