Cerca de 274 trabalhadores das empresas têxteis Cottonsmile e Polopiqué Tecidos, do grupo Polopiqué, enfrentam uma situação dramática devido ao não pagamento do subsídio de férias e de salários, o que levou a protestos e à organização de recolhas de alimentos para colegas que já passam fome. O conflito intensificou-se quando, após o período de férias, os funcionários foram informados por email do encerramento das empresas e, ao apresentarem-se ao serviço, foram impedidos de aceder às instalações em Moreira de Cónegos (Guimarães) e Vizela. Os trabalhadores encontram-se num limbo jurídico e social: continuam a ter vínculo laboral, mas não podem trabalhar, o que os impede de se inscreverem no Fundo de Desemprego.
Em resposta, organizaram piquetes de protesto contínuos à porta da sede do grupo, em Santo Tirso.
A situação é particularmente grave para mães solteiras e casais jovens, com relatos de que alguns trabalhadores estão “a passar mal”.
A solidariedade entre colegas e da comunidade tem sido crucial, com a recolha de bens alimentares a decorrer no local do protesto. A administração do grupo informou os trabalhadores que a resolução da sua situação dependerá do administrador de insolvência, cujo processo foi atrasado por um pedido de informação adicional por parte do tribunal. A crise agrava-se pelo facto de o Grupo Polopiqué ter sido beneficiário de 3,2 milhões de euros em fundos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), dos quais 1,5 milhões já foram pagos, o que gera uma forte contestação pública face à precariedade em que os seus trabalhadores foram deixados.
Em resumoA crise laboral no grupo Polopiqué deixou centenas de trabalhadores sem salários e impedidos de aceder ao subsídio de desemprego, após o anúncio de insolvência. Em protesto, os funcionários mantêm piquetes e dependem de recolhas de alimentos para sobreviver, uma situação que contrasta com os milhões de euros em fundos do PRR recebidos pelo grupo empresarial.