Esta inação da tutela está a gerar um clima de descontentamento que poderá culminar numa greve com impacto no serviço ferroviário nacional. A ameaça de greve na CP surge como consequência direta de um impasse administrativo e político. Embora os sindicatos e o Conselho de Administração da empresa tenham chegado a um acordo sobre a reestruturação salarial, a sua aplicação depende de uma autorização final da tutela governamental, que tarda em chegar.

Os trabalhadores, através das suas estruturas sindicais, manifestam a sua frustração perante o que consideram ser uma desvalorização do processo negocial e um desrespeito pelos compromissos assumidos.

Esta situação ilustra uma dificuldade recorrente nas empresas do setor público empresarial, onde a autonomia de gestão é limitada pela supervisão governamental, especialmente em matérias com impacto orçamental.

A demora na decisão cria incerteza e mina a confiança entre as partes, abrindo a porta a conflitos laborais que poderiam ser evitados.

Ao tornarem pública a sua posição, os sindicatos aumentam a pressão sobre o Governo, alertando para as consequências de uma eventual paralisação que afetaria milhares de passageiros e colocaria em evidência as tensões na gestão das empresas públicas em Portugal.

A resolução do conflito depende agora exclusivamente de uma decisão política que valide o acordo já alcançado.