Milhares de imigrantes, na sua maioria oriundos do subcontinente indiano, concentraram-se em frente à Assembleia da República para exigir a regularização dos seus títulos de residência e protestar contra as novas políticas migratórias do Governo. A manifestação, organizada pela associação Solidariedade Imigrante, decorreu de forma pacífica sob os lemas "documentos para todos" e "direitos iguais", e visou dar visibilidade à situação precária de milhares de trabalhadores que, apesar de viverem e descontarem em Portugal há vários anos, continuam a aguardar a emissão de autorizações de residência. Os manifestantes denunciaram os atrasos da Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA) e a detenção de dezenas de pessoas por constarem no Sistema de Informação Schengen (SIS) devido a residência irregular noutros Estados-membros, uma situação que, segundo os organizadores, não constitui crime.
O protesto foi apoiado por representantes do PCP e do Livre, que se solidarizaram com as reivindicações. A tranquilidade do evento foi interrompida com a chegada do líder do Chega, André Ventura, cuja presença foi recebida com contestação e acusações de "racismo" e "fascismo", gerando um momento de tensão. A reação do Governo surgiu pela voz do ministro da Presidência, António Leitão Amaro, que, confrontado com o protesto, afirmou que o executivo não recuará na sua política de controlo de fronteiras: "Se as pessoas estão a protestar contra o fim das portas escancaradas, paciência: discordamos.
Não vamos voltar atrás nisso".
Esta posição reflete a polarização política em torno da imigração, contrastando com as histórias partilhadas pelos manifestantes sobre as dificuldades que enfrentam, como a impossibilidade de visitar familiares ou a perda de empregos por falta de documentação.
Em resumoA manifestação de imigrantes em Lisboa evidenciou a profunda frustração de milhares de trabalhadores com os atrasos burocráticos na sua regularização e com as novas políticas governamentais. O evento sublinhou o contraste entre a contribuição económica destes trabalhadores e a sua vulnerabilidade legal, ao mesmo tempo que expôs a crescente tensão política em torno das questões migratórias em Portugal.