A presidente da Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego (CITE), Carla Tavares, sublinha que a origem desta desigualdade reside em fenómenos como as "paredes e tetos de vidro". As "paredes de vidro" referem-se à segregação profissional horizontal, que concentra as mulheres em setores subvalorizados, como o cuidado e a educação. Já os "tetos de vidro" representam a dificuldade que as mulheres enfrentam para ascender a cargos de topo. A estes fatores soma-se a distribuição desequilibrada das tarefas domésticas e de cuidado familiar, que penaliza as mulheres no mercado de trabalho. Apesar de existirem "leis boas e leis avançadas", Carla Tavares admite que não se consegue "mudar por decreto as mentalidades".

O debate em torno da nova diretiva europeia sobre transparência salarial, que terá de ser transposta até 2026, é visto como um passo importante, mas a presidente da CITE avisa que, por si só, "não resolve o problema". A diretiva obrigará as empresas a fornecer mais informação sobre os níveis de remuneração e a justificar diferenças salariais, mas a erradicação do fosso salarial exige uma intervenção mais profunda, que combata os estereótipos de género e promova uma verdadeira partilha de responsabilidades familiares.