A greve ao sobretrabalho, que incide sobre a componente não letiva e as horas extraordinárias, surge como uma resposta sindical a uma crise sistémica no setor da educação em Portugal.

Os dados oficiais divulgados pelo próprio Ministério da Educação, Ciência e Inovação (MECI) confirmam a dimensão do problema: à data de 17 de setembro, 78% dos agrupamentos de escolas públicos tinham pelo menos um horário por preencher, totalizando 2.410 pedidos por satisfazer. A situação é particularmente crítica nas regiões de Lisboa e Península de Setúbal, onde se concentram a maioria das 38 escolas com mais de dez horários em falta.

Perante este cenário, a FENPROF, através do seu secretário-geral Francisco Gonçalves, acusa o ministro Fernando Alexandre de «negar a realidade», contradizendo as declarações otimistas do governante no início do ano letivo.

A estrutura sindical argumenta que a falta de docentes não é um problema conjuntural, mas sim estrutural, agravado pelas aposentações e pela ausência de candidatos em certos grupos de recrutamento. A greve ao sobretrabalho visa, assim, expor o esgotamento dos professores que são chamados a compensar as falhas do sistema, muitas vezes sem a devida remuneração ou reconhecimento, e pressionar o Governo a adotar medidas eficazes que valorizem a carreira docente e resolvam a carência de profissionais, garantindo o direito à educação de todos os alunos.