A Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) concluiu os inquéritos a 12 mortes ocorridas durante a greve dos técnicos do INEM, associando três delas diretamente a atrasos no socorro.
Um dos casos mais mediatizados foi o de um homem de 84 anos em Mogadouro, cuja morte, segundo a IGAS, “poderá estar relacionada com o atraso no atendimento pelo Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU)”. O relatório apontou um “indício disciplinar na atuação de um médico regulador do CODU do Porto”, que não terá agido “de forma diligente e zelosa”. Em consequência, o presidente do INEM, Sérgio Janeiro, confirmou a abertura de um processo disciplinar, ressalvando que tal “não é de todo presunção de culpa”. O Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar (STEPH) criticou o relatório por, na sua visão, focar-se indevidamente no médico, considerando que o “fator determinante” foi o atraso na assistência primária, que evidencia as “fragilidades” do sistema no interior do país. A Ministra da Saúde, Ana Paula Martins, recusou comentar diretamente o relatório, afirmando que lhe cabe “olhar para aquilo que são as recomendações” e que o Governo está “determinado em transformar o INEM”, uma reforma que “vai necessitar de toda a determinação e coragem política”.
A crise expõe a tensão entre o direito à greve em serviços essenciais e a garantia da segurança dos cidadãos, colocando uma enorme pressão sobre o executivo para reestruturar um serviço vital para o país.














