Dezenas de utentes, autarcas e representantes sindicais manifestaram-se em frente ao Hospital do Barreiro contra o plano do Governo de concentrar a urgência de obstetrícia da Península de Setúbal no Hospital Garcia de Orta, em Almada. O protesto, convocado pelas Comissões de Utentes da Saúde do Arco Ribeirinho Sul e pela União de Sindicatos de Setúbal, contou com a adesão da Federação Nacional dos Médicos (FNAM) e de partidos como o PCP. Os manifestantes defendem a manutenção dos serviços de proximidade, alertando que a concentração de valências no Garcia de Orta, um hospital que já serve os concelhos de Almada e Seixal, resultará num “caos”. Antonieta Bodziony, da comissão de utentes, lembrou o investimento de um milhão de euros feito na maternidade do Barreiro, que serve quatro concelhos. A presidente da FNAM, Joana Bordalo e Sá, reforçou a crítica, afirmando que a medida significa o encerramento de serviços essenciais: “O que estão a dizer à população é que vão ter serviços encerrados e não vão ter serviços de urgência, ginecologia de obstetrícia de proximidade”.
A solução, segundo a dirigente sindical, passa por criar condições salariais e de trabalho dignas para fixar médicos no SNS.
A proposta governamental, apresentada pela Ministra da Saúde, Ana Paula Martins, prevê a criação de uma urgência regional na Península de Setúbal, com o Hospital Garcia de Orta a funcionar em permanência, apoiado pelo Hospital de Setúbal para casos referenciados.
Em resumoO protesto no Barreiro evidencia a forte oposição local e regional à reorganização das urgências obstétricas na Península de Setúbal. A medida, justificada pelo Governo com a falta de recursos, é vista pelos utentes e sindicatos como um retrocesso no acesso a cuidados de saúde de proximidade, ameaçando agravar as assimetrias no SNS.