A paralisação reflete um descontentamento crescente com as condições salariais, que consideram estagnadas desde a aquisição da empresa pela Biscuit International. A mobilização, organizada pelo Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura e das Indústrias de Alimentação, Bebidas e Tabacos de Portugal (Sintab), visa exigir aumentos salariais consistentes, uma vez que as trabalhadoras afirmam auferir apenas “três euros do que o salário mínimo nacional”.

Segundo fontes sindicais, esta situação precária arrasta-se “há quatro ou cinco anos”, período que coincide com a gestão da nova proprietária, a Biscuit International.

A persistência do conflito laboral é evidenciada pela frequência das paralisações, sendo esta a quinta greve do ano, com outra já decretada para novembro, o que demonstra a intransigência nas negociações e a deterioração das relações laborais.

O protesto abrange as unidades da Póvoa de Santa Iria e de Coimbra, que empregam cerca de 100 colaboradoras, prevendo-se um maior impacto na primeira. Para além das reivindicações salariais, existe um clima de incerteza e temor entre as trabalhadoras relativamente ao futuro da empresa. Esta apreensão é alimentada pela recente venda dos edifícios das fábricas a um fundo de investimento imobiliário, operando a Dan Cake agora sob um contrato de arrendamento.

As trabalhadoras questionam a estratégia da empresa a longo prazo, nomeadamente “o que é que irão fazer daqui a quatro anos”, quando o contrato terminar. A fonte sindical resume o sentimento geral ao afirmar que a empresa “não está a valorizar os seus ativos que são os trabalhadores”.