O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) denuncia a degradação das condições e ameaça com novas formas de luta. A greve dos enfermeiros do Montepio, convocada pelo Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), expõe as tensões laborais no setor social da saúde, desencadeadas por alterações contratuais que os profissionais consideram lesivas.

A raiz do conflito reside na transição, em 2023, do contrato coletivo de trabalho da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade Social (CNIS) para o da Associação Portuguesa de Mutualidades (APM). Esta mudança, imposta “unilateralmente pela administração”, resultou na implementação de uma carga horária de 40 horas semanais e na eliminação do subsídio de turno, que variava entre 15% e 25%, impactando negativamente os vencimentos. O impasse negocial é evidente: o SEP apresentou uma proposta de carreira de enfermagem em junho, à qual a administração alega não ter condições financeiras para responder, remetendo a negociação para o âmbito mais vasto da APM, que abrange 26 associações mutualistas. O sindicato, por sua vez, acusa a administração de falta de resposta e ameaça com “novas formas de luta”. A adesão à greve é um ponto de discórdia, com o SEP a reivindicar 100% de participação na Casa de Saúde, enquanto o presidente do conselho de administração, Paulo Ribeiro, a fixa em 33%.

Para além do impacto imediato, o conflito gera preocupações a longo prazo, com o dirigente sindical Rui Marroni a temer pela capacidade da instituição em reter profissionais qualificados.

Algumas enfermeiras experientes já consideram sair, e a reputação do Montepio junto das escolas de enfermagem estará a ser afetada, o que pode comprometer o recrutamento futuro.