A paralisação, convocada pelo STAL, evidenciou o descontentamento de um setor que se sente desvalorizado há anos.

A greve dos trabalhadores dos transportes municipais, convocada pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administração Local e Regional (STAL) para sexta-feira, dia 10 de outubro, paralisou significativamente os serviços em diversas cidades, incluindo Barreiro, Bragança e Coimbra, onde a adesão atingiu 100% e 96%, respetivamente.

Em contraste, a adesão em Portalegre foi nula.

A paralisação visou pressionar as autarquias e o Governo a responderem a um caderno reivindicativo focado na valorização das carreiras e em melhores condições salariais.

No cerne do descontentamento está a extinção da carreira específica de "agente único" em 2008, que foi integrada na carreira geral de assistente operacional, resultando numa estagnação profissional.

Conforme salientado por dirigentes sindicais, existem trabalhadores "com 20 anos de trabalho aqui no município que estão com um vencimento mínimo". As exigências são claras: um aumento salarial de 15%, com um mínimo de 150 euros, o aumento do subsídio de refeição para 10,50 euros, a atribuição de um suplemento de penosidade e insalubridade e a melhoria geral das condições de trabalho.

O impacto da greve foi sentido diretamente pelos utentes, que se viram forçados a procurar alternativas, como em Coimbra, onde estudantes e doentes oncológicos recorreram a serviços de Uber. A contestação incluiu uma marcha em Coimbra e piquetes de greve noutras localidades. A reação política, como a do autarca de Bragança, Paulo Xavier, que considerou as reclamações "fáceis de atender" mas a necessitar de análise, sugere uma abertura para o diálogo, embora a greve demonstre a urgência sentida pelos trabalhadores face a problemas que se arrastam há mais de uma década.