Esta mobilização surge num contexto de crise sem precedentes, com urgências sobrelotadas e unidades encerradas por todo o país.

A FNAM foi convocada pelo Ministério da Saúde para uma reunião de negociação coletiva no dia 16 de outubro, mas criticou a tutela por não ter enviado previamente uma ordem de trabalhos ou qualquer proposta de diploma legislativo, considerando que tal atitude “contraria as boas práticas da negociação coletiva e a boa-fé negocial”. O sindicato espera que o encontro marque o momento em que a Ministra da Saúde, Ana Paula Martins, “abandona a postura de bloqueio e assume o diálogo sério que permita aos médicos exercer a sua profissão com dignidade, em vez de continuarem a ser empurrados para fora do SNS”. A situação no SNS é descrita como crítica, com relatos de 63 bebés nascidos em ambulâncias ou na via pública desde janeiro e utentes a percorrerem dezenas de quilómetros para aceder a cuidados essenciais. As reivindicações da FNAM são claras e abrangentes, incluindo a reposição do horário semanal de 35 horas, a recuperação do poder de compra face à aproximação dos salários médicos ao salário mínimo nacional, a reintegração do internato na carreira médica e a recuperação de dias de férias perdidos.

A federação sublinha que muitas destas medidas não teriam impacto orçamental e seriam cruciais para valorizar a carreira, permitindo a conciliação da vida profissional com a familiar e contribuindo para a sustentabilidade do sistema.

A FNAM alerta que “a sobrevivência do SNS depende de médicos motivados e valorizados”.