O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) convocou uma greve nacional que registou uma adesão massiva, paralisando diversos serviços de saúde em todo o país. A paralisação, que incluiu uma concentração em frente ao Ministério da Saúde, visa contestar a proposta de Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) apresentada pelo Governo, considerada um retrocesso nos direitos dos profissionais. A principal causa da greve reside na proposta de ACT do Governo, que, segundo o SEP, tem como "únicos objetivos poupar dinheiro à custa do trabalho dos enfermeiros, aumentando a exploração, e facilitar a entrega da gestão pública das Unidades Locais de Saúde às PPP". O sindicato denuncia que o acordo proposto retira direitos, extingue a jornada contínua como regime regra, impede a progressão na carreira e impõe regimes como banco de horas e horário concentrado, que podem estender o horário semanal até 60 horas sem remuneração como trabalho extraordinário.
A dirigente sindical Guadalupe Simões afirmou que a previsão era de uma adesão muito forte, "não diríamos 100%, mas muito perto disso", o que se confirmou em vários hospitais.
A adesão foi total (100%) no bloco operatório do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, e nas consultas externas do Hospital de Viseu.
Em Chaves, o serviço de Tomografia Axial Computorizada (TAC) funcionou apenas para urgências. O SEP lamenta a ausência de avanços por parte do Ministério da Saúde quanto à valorização da carreira e critica a falta de concursos de admissão e de acesso às diferentes categorias. A greve teve como consequência o adiamento de consultas e cirurgias, uma situação que, segundo Guadalupe Simões, devia ter sido "acautelada pelas administrações hospitalares e pelo Ministério da Saúde", dado que os pré-avisos foram cumpridos atempadamente.
Em resumoA greve dos enfermeiros, com forte adesão em hospitais-chave, reflete uma profunda insatisfação com a proposta de Acordo Coletivo de Trabalho do Governo, que os sindicatos consideram um ataque aos seus direitos e condições laborais. A paralisação causou perturbações nos serviços de saúde, com o SEP a manter a sua posição reivindicativa perante a falta de negociação e valorização profissional por parte da tutela.