Esta situação, aliada a falhas informáticas crónicas e à falta de profissionais, está a comprometer a qualidade dos serviços e a sobrecarregar as equipas.

O relatório, intitulado “Momento Atual da Reforma dos Cuidados de Saúde Primários em Portugal 2024/2025”, aponta para a “falência do sistema de aprovisionamento”, com faltas recorrentes de vacinas, kits de rastreio, material para pensos, papel e toners. Em 30% das USF, estas falhas ocorreram mais de 10 vezes no ano, com atrasos na reposição superiores a dois dias em 77% dos casos. A par da falta de material, 99,6% das USF foram afetadas por falhas informáticas. O presidente da USF-AN, André Biscaia, considera que estes problemas persistentes justificam a necessidade de "uma nova missão" para os cuidados primários, com uma estrutura de gestão própria e focada. A falta de profissionais é outro pilar da crise: cerca de 40% das USF reportam equipas incompletas, com carências mais acentuadas em médicos, seguidos de enfermeiros e secretários clínicos.

Em 81% das unidades, houve ausências prolongadas que, na maioria dos casos (58,2%), foram asseguradas pelos próprios colegas.

A elevada carga de utentes por médico é descrita como um dos "maiores entraves" à prestação de cuidados de qualidade, contribuindo para o 'burnout' e afastando profissionais do Serviço Nacional de Saúde.