Os enfermeiros portugueses realizaram uma greve nacional com elevada adesão, paralisando centenas de serviços de saúde em todo o país. A paralisação, convocada pelo Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), culminou numa concentração junto ao Ministério da Saúde, em Lisboa, para protestar contra a proposta de Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) do Governo. A greve teve um impacto significativo, com adesão de 100% em serviços críticos como o bloco operatório do Hospital de Santa Maria e as consultas externas do Hospital de Viseu, resultando no adiamento de cirurgias, consultas e exames. A principal causa da contestação é a proposta de ACT apresentada pelo Governo em julho, que os enfermeiros consideram um "inadmissível retrocesso" e um "atentado à dignidade".
O sindicato acusa o Ministério da Saúde de ter como "únicos objetivos poupar dinheiro à custa do trabalho dos enfermeiros, aumentando a exploração". Entre as medidas mais criticadas estão a imposição de regimes como Banco de Horas e Horário Concentrado, que poderiam levar a semanas de trabalho de até 60 horas sem serem consideradas como trabalho extraordinário, a extinção da jornada contínua como regime regra, e a eliminação do pagamento das "horas penosas". O SEP argumenta que a proposta retira direitos, impede a progressão na carreira dos mais jovens e visa "facilitar a entrega da gestão pública das Unidades Locais de Saúde às PPP".
José Carlos Martins, presidente do SEP, declarou que os enfermeiros rejeitam "trabalhar mais e levar menos rendimento".
O sindicato lamenta a ausência de avanços nas negociações e mantém a greve, afirmando que o problema central não é a regulamentação, mas sim a "brutal carência de enfermeiros" no Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Em resumoA greve nacional dos enfermeiros, com forte adesão, paralisou múltiplos serviços de saúde como forma de protesto contra a proposta de Acordo Coletivo de Trabalho do Governo. Os profissionais, representados pelo SEP, rejeitam o aumento da carga horária e a alteração da remuneração, considerando a proposta um retrocesso nos seus direitos e uma ameaça à qualidade do SNS.