O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) convocou uma greve nacional que paralisou centenas de serviços de saúde em todo o país, com adesão total em blocos operatórios e consultas externas de hospitais como o Santa Maria, em Lisboa, e o de Viseu. O protesto visa contestar a proposta de Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) do Governo, que os profissionais consideram um "atentado à dignidade" e um retrocesso nas condições laborais. A principal causa da greve é a proposta de ACT do Governo que, segundo o SEP, obriga os enfermeiros a trabalhar mais horas, incluindo a possibilidade de jornadas de 60 horas semanais, ao mesmo tempo que reduz a compensação por trabalho noturno, de fim de semana e extraordinário. A proposta é vista como uma forma de "poupar dinheiro à custa do trabalho dos enfermeiros, aumentando a exploração".
O sindicato acusa o Governo de querer "facilitar a entrega da gestão pública das Unidades Locais de Saúde às PPP". A paralisação teve um impacto significativo, com "centenas de serviços a 100% de adesão", adiando consultas e cirurgias. O presidente do SEP, José Carlos Martins, afirmou que o problema central "reside na carência de enfermeiros que se tem agravado pela ausência de medidas de contratação, atração e retenção". Além dos enfermeiros, os técnicos auxiliares de saúde também aderiram ao protesto. A contestação materializou-se numa concentração com centenas de profissionais junto ao Ministério da Saúde, em Lisboa, onde foi entregue uma moção com mais de 11 mil assinaturas.
A falta de diálogo é evidente, com o sindicato a lamentar que não haja qualquer reunião agendada, o que antecipa a continuação do conflito caso a proposta do Governo não seja alterada.
Em resumoA greve dos enfermeiros, com forte adesão nacional, protestou contra a proposta de ACT do Governo, que prevê o aumento do horário de trabalho e cortes na remuneração suplementar. O SEP acusa o executivo de explorar os profissionais para poupar dinheiro e denuncia a falta de medidas para resolver a carência de enfermeiros no SNS. A paralisação afetou centenas de serviços e o sindicato promete continuar a luta pela valorização da carreira.