A Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) lançou um ultimato ao Governo, admitindo avançar com bloqueios, manifestações e até a paragem de quartéis se as suas principais reivindicações não forem atendidas até ao Congresso Nacional, em novembro. O descontentamento generalizado no setor prende-se com a falta de financiamento, os cortes no transporte de doentes e a ausência de um estatuto profissional para os bombeiros voluntários. O presidente da LBP, António Nunes, afirmou que a "paciência está esgotada" e que o congresso "pode deliberar, in extremis, um período de tempo (...) em que os bombeiros vão parar", salvaguardando apenas situações de vida ou de morte. Entre as formas de protesto em cima da mesa estão "manifestações de rua junto dos órgãos de soberania ou a deposição de capacetes na escadaria" do Parlamento.
As principais reivindicações centram-se em três eixos.
Primeiro, o financiamento previsto no Orçamento do Estado para 2026, de cerca de 37 milhões de euros, é considerado "inferior ao que era expectável", com a LBP a defender um valor mínimo de 49,38 milhões. Segundo, a Liga contesta o corte de 12 milhões de euros previsto para o transporte de doentes não urgentes, uma decisão tomada sem consulta aos bombeiros. Por fim, a exigência mais premente é a criação de um estatuto para os bombeiros voluntários com contrato de trabalho, que contemple carreira e índices remuneratórios, uma promessa antiga e sucessivamente adiada.
António Nunes responsabiliza diretamente os "agentes políticos" por qualquer perturbação nos serviços, afirmando que "se houver medidas extremas que possam prejudicar as comunidades e os cidadãos, a responsabilidade não é da Liga".
A LBP enviará as suas propostas às mais altas figuras do Estado, numa tentativa de pressionar o Governo a agir antes do congresso de novembro.
Em resumoA LBP deu um prazo de um mês ao Governo para responder às suas exigências, ameaçando com uma "paragem total" e outros protestos. As reivindicações incluem um aumento do financiamento no Orçamento do Estado, a reversão dos cortes no transporte de doentes e, crucialmente, a criação de um estatuto profissional para os bombeiros. A Liga responsabiliza o poder político por eventuais perturbações no socorro à população.