Uma greve dos guardas prisionais está a gerar focos de tensão no Estabelecimento Prisional de Lisboa, com relatos de "revolta de reclusos com roubos e fogo". A paralisação ocorre num contexto de grave crise de efetivos, com os sindicatos a denunciarem a perda de centenas de profissionais nos últimos anos, tornando a profissão cada vez menos apelativa. A Associação Sindical dos Profissionais do Corpo da Guarda Prisional (ASP/CGP) denuncia uma situação alarmante: em apenas oito anos, as prisões portuguesas perderam mais de 600 guardas para a aposentação, e outros 300 abandonaram a profissão por outros motivos, totalizando quase 900 saídas.
Esta quebra drástica de pessoal não tem sido compensada por novas admissões.
Segundo o sindicato, os últimos concursos não conseguiram preencher as vagas abertas, com o mais recente a atrair apenas 58 candidatos para 225 lugares disponíveis, o que evidencia um "desinteresse crescente" pela carreira.
As razões apontadas para esta crise são a falta de um "vencimento digno", a ausência de reconhecimento profissional, condições de trabalho degradadas, sobrecarga de serviço e um bloqueio na progressão de carreira, com guardas a esperar mais de 24 anos por uma promoção. A ASP/CGP alerta que as agressões contra guardas prisionais duplicaram em quatro anos, e a profissão tornou-se a "mão-de-obra barata do Estado que a sociedade esqueceu".
A greve e os incidentes subsequentes são, assim, um sintoma de um problema estrutural de recursos humanos que compromete a segurança nas prisões.
Em resumoA greve dos guardas prisionais no Estabelecimento Prisional de Lisboa, que resultou em incidentes com reclusos, expõe uma profunda crise no sistema prisional. O sindicato do setor denuncia a perda de quase 900 guardas em oito anos devido a más condições salariais e de trabalho, o que compromete a segurança e evidencia a falta de atratividade da carreira.