O setor da saúde enfrentou dois dias de forte contestação, com paralisações que afetaram significativamente o funcionamento de hospitais e centros de saúde em todo o país. Na quinta-feira, uma greve convocada pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Serviços e de Entidades com Fins Públicos (STTS) registou uma adesão de 80%, apesar de denúncias de que algumas chefias tentaram impedir a participação dos trabalhadores. Na sexta-feira, a Federação Nacional dos Médicos (FNAM) e o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) juntaram-se à greve geral da Função Pública, agravando os constrangimentos.
A greve do STTS visava a valorização das carreiras, a contratação de pessoal e a reposição de pontos para progressão. Já a paralisação dos médicos, liderada pela FNAM, protestou contra a postura "totalmente intransigente" do Governo e o que a sua presidente, Joana Bordalo e Sá, classificou como a "destruição do Serviço Nacional de Saúde". As reivindicações dos médicos centram-se na falta de valorização da carreira, que tem levado à fuga de profissionais do SNS, e na oposição a medidas como a criação de serviços de urgência regionais, que implicariam uma "mobilização forçada" dos clínicos. O impacto principal das greves sentiu-se na atividade programada, com o adiamento de consultas e cirurgias, embora os serviços mínimos tenham sido assegurados.
Joana Bordalo e Sá responsabilizou diretamente a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, afirmando que "por cada consulta ou cirurgia adiada, a responsável é Ana Paula Martins, que nada fez para resolver a atual situação do SNS".
Em resumoAs greves consecutivas no setor da saúde evidenciam um profundo mal-estar entre os profissionais, que se sentem desvalorizados e sobrecarregados. A forte adesão e as duras críticas dos sindicatos ao Ministério da Saúde demonstram uma fratura no diálogo social, com consequências diretas no acesso dos utentes aos cuidados de saúde programados, colocando em evidência a fragilidade estrutural do SNS.