A sua recusa em assegurar turnos nas urgências, em protesto contra os cortes na remuneração, poderia levar ao encerramento de serviços e ao colapso da resposta hospitalar.
A dependência do SNS destes profissionais, que asseguram uma parte substancial das escalas de urgência em todo o país, tornou-se o ponto central do debate. A ameaça de uma "paralisação geral das urgências por um período mínimo de três dias", como constava de uma ata do movimento, foi descrita por figuras como o antigo ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, como uma potencial "emergência nacional". O presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares, Xavier Barreto, alertou que uma greve desta natureza teria um "impacto enorme" e poderia "até fechar alguns serviços de urgência". A situação é particularmente grave em regiões com carência crónica de médicos nos quadros, como o Algarve, onde os hospitais de Faro, Portimão e Lagos dependem fortemente destes prestadores de serviços, tendo gasto mais de 14 milhões de euros na sua contratação entre janeiro e agosto. O conflito expôs um modelo que, segundo o comentador Miguel Sousa Tavares, transformou os tarefeiros no "sindicato dos estivadores da medicina", demonstrando a sua capacidade de condicionar o funcionamento de um setor vital para o país.
A Ordem dos Médicos, através do seu bastonário, Carlos Cortes, levantou "sérias dúvidas" deontológicas sobre a ação de protesto, lembrando que a prioridade deve ser sempre o doente.














