A tensão intensificou-se quando o Governo procurou reduzir a despesa, propondo baixar o valor pago por hora e impedir que recém-especialistas adiram imediatamente a este modelo.

Esta medida gerou forte contestação e "ameaças de paralisação", uma vez que os hospitais se tornaram dependentes destes profissionais, sendo "quase impossível manter uma urgência a funcionar sem os tarefeiros".

Em resposta à pressão governamental, os médicos prestadores de serviços organizaram-se, criando a Associação dos Médicos Prestadores de Serviço, e solicitaram reuniões urgentes com a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, e com a Ordem dos Médicos.

A ministra já se comprometeu a agendar um encontro "o mais breve possível".

Por sua vez, o bastonário da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, manifestou preocupação com a situação, alertando que, se o problema não for "tratado com cuidado, podemos ter nos próximos meses um problema sério no SNS".

Este conflito expõe uma "fratura exposta" no sistema de saúde, marcada pela disparidade salarial e de condições entre médicos do quadro e tarefeiros, e evidencia o fracasso de políticas que permitiram a consolidação de um modelo precário e insustentável.