A ameaça de uma greve geral, a primeira a unir as duas maiores centrais sindicais desde 2012/2013, marca um ponto de viragem na contestação laboral em Portugal, abrangendo os setores público e privado.
A decisão da UGT, aprovada por unanimidade, reflete uma profunda insatisfação com a condução das negociações sobre a nova legislação laboral por parte do Governo.
Embora a central sindical se mantenha disponível para negociar e reverter a paralisação, a sua liderança avisa que a greve poderá ser estendida para dois dias caso o executivo não apresente cedências significativas.
O secretário-geral da UGT afirmou que o Governo "não lhe deixou outra alternativa", apesar de ter recebido um "novo documento" que considerou "não é suficiente". A paralisação surge num contexto de crítica a um pacote laboral que "não está fechado" e ainda não foi submetido ao Parlamento.
A reação governamental não tardou, com o Ministro da Presidência a manifestar surpresa e a considerar que "ninguém compreende esta greve", sublinhando a "abertura séria ao diálogo" do Governo e os aumentos salariais em curso.
O ministro alertou ainda que a paralisação irá "prejudicar a vida de tantos milhões".
Contudo, analistas políticos sugerem que o Governo "não estava à espera deste movimento da UGT" e que a Ministra do Trabalho poderá ter subestimado a importância da central sindical social-democrata, ao ter "entrado com os dois pés nesta matéria". Este cenário de confronto social, inédito desde os tempos da 'troika', evidencia a crescente tensão entre os parceiros sociais e o Governo, com potenciais implicações económicas e políticas significativas.














