Altos representantes europeus alertam que a ausência de Bruxelas enfraquece a posição de Kiev e arrisca uma nova arquitetura de segurança continental decidida sem o seu envolvimento. A alta representante da UE para a Política de Segurança, Kaja Kallas, foi uma das vozes mais críticas, afirmando que esta semana "pode ser crucial para a diplomacia", mas lamentando a exclusão do bloco.

"Os ucranianos estão lá sozinhos [nas reuniões com Washington], se estivessem connosco estariam numa posição mais forte", sustentou Kallas.

A chefe da diplomacia europeia expressou o receio de que "toda a pressão venha a ser exercida sobre o lado mais fraco, uma vez que a rendição da Ucrânia é a maneira mais fácil de acabar com esta guerra". Esta preocupação foi partilhada pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e pelo presidente do Conselho Europeu, António Costa, que criticaram a decisão de Washington de excluir a UE de decisões que reconfigurarão a segurança no continente. O presidente francês, Emmanuel Macron, reforçou esta posição, declarando que um plano de paz só pode ser "finalizado" com "a Ucrânia e os europeus sentados à mesa". A UE sente que, apesar de ser o principal financiador do apoio à Ucrânia e de ter 23 dos seus membros na NATO, a sua influência política no processo está a ser diminuída, com Washington a assumir um papel de mediador que dialoga diretamente com Moscovo e Kiev, deixando Bruxelas à margem das decisões cruciais.