A análise ao acordo revela um compromisso complexo que visa estabilizar as relações transatlânticas, mas que acarreta custos significativos para a Europa.
O acordo, anunciado pela Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, substitui a ameaça de tarifas de 30% que entrariam em vigor a 1 de agosto. Em contrapartida, a UE compromete-se a adquirir energia norte-americana (gás, petróleo e nuclear) no valor de 750 mil milhões de dólares e a realizar investimentos adicionais de 600 mil milhões de euros nos EUA.
A reação europeia tem sido cautelosa.
O primeiro-ministro português, Luís Montenegro, salientou que o acordo traz "previsibilidade e estabilidade", elementos "vitais para as empresas portuguesas e a economia".
No entanto, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, considerou-o "muito exigente" para a Europa, uma visão partilhada por outras vozes críticas que falam numa "claudicação face aos EUA".
O porta-voz do Comércio da Comissão Europeia, Olof Gill, admitiu que o resultado "não é perfeito" para nenhuma das partes, mas constitui uma "plataforma para avançar".
O acordo prevê isenções para setores estratégicos como semicondutores, componentes aeroespaciais e certos produtos farmacêuticos, embora os detalhes finais ainda estejam a ser finalizados.
A indústria automóvel, por exemplo, será abrangida pela taxa de 15%, um alívio face aos 30% temidos, mas um agravamento face às taxas anteriores.
A incerteza persiste enquanto se aguarda a publicação da declaração conjunta oficial, que ditará o verdadeiro impacto nas cadeias de abastecimento e na competitividade das empresas europeias.