Embora o acordo traga alguma estabilidade ao evitar taxas mais elevadas, as empresas nacionais enfrentam agora o desafio de absorver os novos custos ou perder competitividade.
A análise detalhada revela um impacto transversal na indústria portuguesa, que exportou cerca de 5,3 mil milhões de euros para os EUA em 2024, o quarto maior mercado externo do país. Setores como o farmacêutico, que representa 23% das exportações para os EUA, enfrentam um aumento significativo, embora a taxa de 15% seja um alívio face à ameaça inicial de 200% de Donald Trump.
A indústria têxtil, com uma forte dependência do mercado norte-americano, também sentirá os efeitos, assim como os vitivinicultores, que veem uma em cada dez garrafas vendidas ao exterior ter como destino os EUA. A Região do Vinho Verde é particularmente vulnerável, sendo os EUA o seu principal comprador.
A indústria automóvel, especialmente o setor de componentes, poderá sofrer efeitos colaterais devastadores.
Embora as vendas diretas de veículos sejam residuais, as fábricas nacionais são grandes fornecedoras de marcas como Mercedes, BMW e Porsche, cujas vendas no mercado americano podem diminuir devido ao aumento de preços. As empresas portuguesas estão perante um dilema: absorver os custos, reduzindo as margens de lucro, ou repercuti-los no consumidor final, arriscando perder quota num mercado altamente competitivo.
O Governo português ativou o programa "Reforçar" para mitigar estes efeitos, com milhares de empresas já a solicitar apoio através de linhas de financiamento específicas.