O litígio surge na sequência da venda da participação da Galp na Área 4 da Bacia do Rovuma. Aníbal Mbalango, presidente da AT moçambicana, garantiu que a sua instituição "não tem diferendo" com a Galp, sem adiantar mais detalhes.

Esta declaração surge em resposta a notícias sobre um litígio fiscal decorrente da venda, em março, da participação de 10% da petrolífera portuguesa à ADNOC, dos Emirados Árabes Unidos. Segundo um relatório do Centro de Integridade Pública (CIP), a AT teria notificado a Galp para o pagamento de um imposto sobre mais-valias de 162 milhões de euros, calculado sobre um ganho estimado em cerca de 920 milhões de euros. Em contraste, a Galp terá contestado a liquidação, alegando uma mais-valia tributável de apenas 26 milhões de euros. O CIP classifica o caso como um "teste à soberania económica de Moçambique" e refere que a Galp decidiu recorrer à arbitragem internacional no Centro Internacional para Resolução de Disputas sobre Investimentos (ICSID) do Banco Mundial. A organização da sociedade civil aponta uma "gritante inconsistência" entre o que a Galp declara ao fisco e o ganho contabilístico de 147 milhões de euros que reportou aos acionistas. Apesar da negação de Mbalango, o Governo moçambicano, num Cenário Fiscal de Médio Prazo, indicou esperar o pagamento de impostos sobre mais-valias pela Galp em 2025 e 2026, relacionados com esta transação.