A imposição de uma tarifa adicional de 50% pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros está a causar impactos severos em setores chave da economia. A fabricante de armas Taurus anunciou a transferência de parte da sua produção para os EUA, enquanto a indústria do calçado prevê a perda de até 20.000 empregos. A Taurus, maior vendedora de armas leves do mundo e cuja faturação depende em 82,5% das exportações para os Estados Unidos, reagiu prontamente à nova tarifa. O diretor executivo, Salesio Nuhs, afirmou que a transferência da linha de montagem de cerca de 900 armas por dia para a sua fábrica nos EUA é uma "medida necessária para minimizar os efeitos da guerra comercial". A empresa, que não foi incluída na lista de produtos isentos, continua a negociar com o governo brasileiro para tentar uma redução da tarifa.
No entanto, as negociações estão condicionadas pela exigência de Trump de suspensão dos processos judiciais contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Simultaneamente, a indústria do calçado enfrenta um cenário igualmente grave. Segundo a Associação Brasileira da Indústria do Calçado (Abicalçados), 80% dos seus exportadores serão afetados. O presidente da associação, Haroldo Ferreira, relatou "atrasos ou paralisação nas negociações, redução do faturamento e cancelamento de encomendas".
A entidade estima uma queda de 9% nas exportações e a perda de aproximadamente 20.000 empregos, dos quais 8.000 diretos, nos próximos meses.
O Brasil já acionou a Organização Mundial do Comércio, considerando que as tarifas violam os compromissos assumidos pelos EUA.
Em resumoSetores brasileiros cruciais como o de armamento e o de calçado estão a sofrer consequências diretas e imediatas das novas tarifas de 50% impostas pelos EUA, levando a reestruturações de produção e a previsões de perdas massivas de empregos, enquanto o governo tenta negociar em várias frentes.