A medida, que estabelece taxas aduaneiras que podem chegar aos 50%, visa reequilibrar a balança comercial dos EUA, mas já está a impactar as exportações portuguesas e a reconfigurar as cadeias de abastecimento internacionais. A nova política tarifária, que entrou em vigor a 7 de agosto, resultou numa taxa média de 20,1% sobre as importações, o nível mais elevado em quase um século. Embora tenha sido anunciada uma trégua de 90 dias com a China, a imposição de taxas a dezenas de outros países, incluindo uma tarifa de 15% sobre bens da União Europeia, está a gerar preocupação.

Em Portugal, setores como o do vinho e o metalúrgico já antecipam dificuldades.

Frederico Falcão, presidente da ViniPortugal, alertou que a tarifa de 15% "pode implicar uma subida para o consumidor de 30%". As exportações portuguesas para os EUA, o quarto principal cliente do país, já registaram uma queda de quase 40% em junho, antes mesmo da entrada em vigor das taxas. Empresas nacionais indicam que poderão ter de agravar os preços de venda nos próximos meses para absorver os custos.

O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, justificou as medidas afirmando que o objetivo é "reequilibrar" o défice comercial, admitindo uma redução das taxas se os desequilíbrios melhorarem.

No entanto, a medida insere-se num contexto mais vasto de fragmentação do comércio global e de uma tendência de "desdolarização", que aponta para uma nova ordem económica com consequências ainda imprevisíveis.