O Governo propõe agora a despenalização da omissão de comunicação de contratos, uma medida que gera controvérsia e levanta preocupações sobre um possível agravamento da evasão fiscal e contributiva. Dados do Instituto da Segurança Social (ISS) revelam uma disparidade gritante entre o número de trabalhadores registados e aqueles com contribuições ativas (51,5 mil).

O salário médio declarado de 358 euros em dezembro de 2024, embora tenha aumentado face aos 332 euros de 2023, permanece muito abaixo do salário mínimo nacional (820 euros em 2024). Neste contexto, o anteprojeto de reforma laboral do Governo pretende revogar a norma que desde 2023 considera crime a não comunicação da admissão de trabalhadores, punível com pena de prisão até três anos.

Se a alteração avançar, a omissão passará a ser apenas uma contraordenação.

Advogados da área laboral, contactados pela Lusa, alertam que a despenalização pode conduzir a um "potencial agravamento da evasão fiscal e contributiva" e acentuar a "vulnerabilidade e desproteção dos trabalhadores", num setor já caracterizado pela informalidade. O Ministério do Trabalho não esclareceu as vantagens da medida nem o seu potencial impacto fiscal.